Quem nunca as machucou, roeu, encravou ou teve micoses? Pois as unhas – que crescem, em média, três milímetros (mão) e um milímetro (pés) por mês – são aliadas para proteger os dedos, sendo inclusive um indicador de como está o nosso corpo. 

Essas lâminas da proteína queratina são consideradas saudáveis quando apresentam aspecto brilhante e hidratado, explica a dermatologista Carolina Marçon, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). “Já as doentes facilmente lascam, quebram. Ficam endurecidas, porém secas e frágeis”, diz.

Descamações, mudanças de tons, ranhuras, linhas esbranquiçadas e escuras sugerem vários problemas, inclusive provenientes do próprio organismo, esclarece a também dermatologista Tatiana Gabbi, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBDC). “É mais comum alterações da unha serem diagnosticadas depois que já se manifestou uma doença”, destaca. 

“Um paciente com moléstia grave pode apresentar sulco profundo longitudinal em unhas de pés e mãos, conhecido por Linha de Beau”, diz Gabbi. Isso representa uma parada no crescimento das unhas, em virtude do extremo desgaste orgânico (físico e/ou mental). 

Ainda há situações que não têm agente específico, como na Síndrome das 20 Unhas, em que todas não crescem nem possuem cutículas, ficam espessas e amareladas. A lista de disfunções corpóreas que modificam as unhas é grande. 

Entre elas, estão doenças como disfunções da tireoide (crescem rápida ou lentamente, em forma “de colher”); anemia (palidez no leito da unha); problema pulmonar e diabetes (amareladas); cardiovascular – azuladas (cianose) com convexo exagerado – e distúrbios renais (estrias transversais brancas). Carências nutricionais, como as de vitamina C e do complexo B, prejudicam a tonalidade e o fortalecimento. 

Marçon comenta que problemas na pele podem alterá-las, como na psoríase – inflamação crônica cutânea caracterizada pela descamação – em que as unhas das mãos ficam rugosas e “em dedal”, por surgirem “buracos” na superfície. “Às vezes esses sinais são muito semelhantes aos de uma micose. 

É importante o médico investigar, com exames, para diferenciá-las”, frisa. Já as micoses (onicomicoses) são acarretadas por fungos, mais comuns os dermatófitos, que consomem queratina. As unhas ficam espessadas, quebradiças ou endurecidas e mudam de coloração. Acometem ambos os sexos, podem migrar de unha e também para outras pessoas, acrescenta Luisa Saldanha, farmacêutica e diretora técnica da rede de farmácias de manipulação Pharmapele. 

“Em alguns casos, a unha pode até descolar-se da pele do dedo. Micose não tratada é entrada para micro-organismos e, uma vez em circulação, geram infecções graves”, reforça. No campo do enfraquecimento está a Síndrome das Unhas Frágeis, que afeta mais as mulheres. Desidratação, agentes químicos, traumas, gestação, imunodeficiências e medicações são alguns fatores. “É primordial encontrar a real causa e, dessa forma, fazer o tratamento adequado”, observa Luisa.

Outro incômodo é a onicocriptose, a popular unha encravada. É provocada pelas pontas das unhas que, ao receberem pressão (peso do corpo, pisada e calçado), penetram na pele ao seu redor. Resultado: dor e inflamação, principalmente nos dedões dos pés (hálux). “Unha encravada é consequência, em grande parte, do corte inadequado. Outras causas são sapatos apertados e algumas malformações”, acrescenta Tatiana Gabbi.

As dermatologistas sugerem o corte das unhas dos pés quadrado, sem curvaturas, prevenindo que encravem. Já a das mãos podem ter curvas, com pequena borda livre, preferencialmente. Cutículas merecem atenção também, por serem barreiras de proteção contra possíveis fungos e bactérias. A dica é hidratá-las e retirar apenas o excesso. 

Tratar as unhas requer avaliação dermatológica. Descoberta a razão, parte-se para a prescrição de medicações orais, cremes, esmaltes e até cirurgias. O alerta é, ao perceber quaisquer sintomas, procurar o dermatologista, e não vale camuflar os danos por conta própria.

Como Cuidar das Unhas?

• Não as corte rentes nem as deixe muito compridas, pois podem sofrer traumas. 
• Verifique a esterilização de materiais em manicure/podólogo, feito via autoclave. Se possível, leve o próprio material, que deve ser esterilizado.
• Evite deixar mãos e pés molhados por tempo prolongado. Não compartilhe nem use calçados e toalhas mal lavados e/ou molhados, por causarem infecções como micoses. 
• Não deixe esmaltes por muitos dias nem os retire com acetona, opte por removedores sem essa substância.
• O hábito de roê-las pode danificá-las severamente. Não tenha esse costume e evite deixá-las compridas. Lixe-as, mantendo uma pequena 
borda livre. 
• Use luvas ao manusear agentes químicos.
• Procure não fazer procedimentos como amolecer as cutículas com produtos alcalinos ou endurecer as unhas com formaldeído (formol). 
• Vá ao dermatologista no primeiro sinal de alterações. Ele é responsável por cuidar dessa região, além da pele, mucosas e cabelos.

Fonte: Revista Medicina Social Nº222