Os desenvolvimentos registrados na área da dermatologia, tanto no âmbito nacional quanto no internacional, são vitais para a melhoria da qualidade do serviço prestado aos pacientes. Novas descobertas de doenças, como psoríase, eczemas, câncer da pele, além de recentes terapêuticas, como laser, fototerapia e terapia celular e genética, traçam um novo caminho para os dermatologistas. Visando acompanhar essa evolução, a equipe do jornal  fez uma pesquisa no acervo da biblioteca em busca de  teses e dissertações que abordam o mesmo tema, mas publicadas por especialistas da SBD em épocas distintas. 

Foram encontrados trabalhos de relevo internacional, como a dissertação Análise sorológica para Helicobacter pylori em amostra de pacientes com rosácea: um estudo de casos e controles, apresentada em 1998 à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e a tese A expressão imuno-histoquímica das metaloproteinases-2 e -9 da matriz na rosácea inflamatória, defendida em 2003, também na UFRGS, ambas de autoria do editor assistente dos ABD, Renan Bonamigo, sob a orientação de Lucio Bakos.
 
“Os anos de 1990 foram uma época em que a bactéria avaliada era citada como um dos possíveis fatores desencadeadores da  rosácea. Nosso estudo  não demonstrou isso, mas ressalvou que o uso de antibióticos sistêmicos prévios poderia ter modificado o efeito dessa possível associação. Ainda hoje, alguma controvérsia persiste sobre o assunto, mas certamente houve o reconhecimento de que a infecção pelo H. pylori não é fator fundamental para o desenvolvimento da rosácea, quiçá um elemento agravante em determinados pacientes. 
 
O estudo foi publicado no Journal of European Academy of Dermatology and Venereologyy, em 2000. Prosseguindo os estudos sobre a doença, a tese obteve resultados demonstrativos de que a rosácea possui entre seus mediadores importantes, a MMP-9, e que esta é secretada por células inflamatórias e  fibroblastos dérmicos, em particular na presença do  Demodex folliculorum. Os resultados desse estudo foram publicados no Journal of European Academy of Dermatology and Venereology, em 2005, e os dados paralelos, como os fatores de risco e a frequência dos subtipos, publicados em nossos Anais Brasileiros de Dermatologia, em 2008.”
 
Segundo Bonamigo, a rosácea continua sendo muito investigada, por se tratar de dermatose com gênese multifatorial, crônica e que impacta a qualidade de vida dos pacientes. “O reconhecimento de agentes etiológicos e mediadores patogênicos permitiu que as opções de diagnóstico complementar e de tratamentos específicos – bloquedores ou inibitórios, como as ciclinas que agem nas metaloproteinases – fossem mais bem-compreendidas e adequadamente empregadas no auxílio aos pacientes”, disse ao jornal.
 
Urticária
O dermatologista Paulo Criado avalia as  principais mudanças científicas e evoluções no tratamento da urticária entre 2002, quando publicou a dissertação Resposta inflamatória na urticária aguda desencadeada por exposição a medicamentos: estudo ultraestrutural (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo – Iamspe), e 2007, ano em que defendeu a tese A resposta inflamatória na urticária aguda associada a medicamentos: avaliação imunoistoquímica e imunoeletrônica da unidade microvascular da derme (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo),
ambos trabalhos sob orientação de Cidia Vasconcellos: “A urticária, especialmente a  forma crônica, continua sendo um desafio a pacientes e médicos. Em nosso mestrado, encontramos evidências morfológicas da interação entre mastócitos, linfócitos e dendrócitos da derme. Com o doutorado, os estudos de imunoistoquímica e imunoeletrônica permitiram demonstrar essa relação celular ativa com a fagocitose de grânulos extruídos dos mastócitos pelos dendrócitos dérmicos”, relatou. 
 
No início de 2001, segundo Criado, a urticária crônica ainda era extensamente investigada em relação a suas possíveis etiologias, à procura de agentes infecciosos, neoplásicos, reumatológicos subjacentes. “Ao longo dessa década, as investigações amplas foram sendo limitadas a uns poucos casos, cujos anmnese e exame físico direcionavam essas condutas de investigação. Tornou-se cada vez maior um corpo de evidências demonstrando que entre 50 e 60% das urticárias crônicas apresentam autorreatividade,  que pode ser atribuída a  fenômenos autoimunes. 
 
Introduziu-se o teste do soro autólogo na identificação desse subgrupo de doentes autorreativos, e em casos refratários indica-se em terceira linha terapêutica a associação dos anti-histamínicos com agentes imunossupressores como ciclosporina A ou gamaglobulina endovenosa, ou, mais recentemente, imunobiológicos como o Omalizumab. Na Europa, os consensos de tratamento de urticária crônica da Academia Europeia de Alergia e Imunologia passaram a adotar para os casos refratários aos anti-histamínicos de segunda geração em doses habituais, o uso de doses duplicadas, triplicadas ou mesmo quadruplicadas desses agentes. Apesar dos grandes avanços observados nos últimos 20 anos, a urticária continua uma verdadeira síndrome, com ampla etiologia possível e tratamento complexo e diversificado, além de constituir tema a ser cientificamente explorado”, explicou ao JSBD. 
 
Sua dissertação resultou no estudo The inflammatory response in drug-induced acute urticaria: ultrastructural study of the dermal microvascular unit, publicado no Journal of European Academy of Dermatology and Venereologyy, em 2006. A tese também deu origem a estudos publicados em outros periódicos  estrangeiros, como o Journal of European Academy of Dermatology and Venereology, Israel Medical Association Journal (IMAJ) [online], além dos ABD.
 
Fonte: Jornal SBD 2013,Ano17, n1