O número de brasileiros que não aplicam filtro solar diariamente aumentou e já chega a quase 2/3 dos consumidores, segundo pesquisa da Consulfarma e do IPUPO Educacional. De acordo com as instituições, 65% da população não aplicam o filtro solar diariamente — em 2015, esse percentual era de 53% e, em 2014, 57%. “A redução no uso diário do filtro mostra que a conscientização não fez com que a população fizesse uso correto e diário do fotoprotetor. Talvez pelo alto custo e situação de crise financeira que se instaurou”, analisa Lucas Portilho, pesquisador em Cosmetologia e idealizador do estudo.

Presente na natureza em níveis muito maiores e mais expressivos que a radiação UVB (que causa queimaduras solares), a radiação UVA é muito perigosa – embora menos energética. “Diferentemente da UVB, a radiação UVA atravessa vidros e janelas e penetra profundamente na pele, chegando até a derme, camada mais profunda da pele e onde se localizam as fibras de colágeno e elastina, gerando uma quantidade altíssima de radicais livres”, explica Portilho que atua no desenvolvimento de filtros solares há mais de 10 anos.

Os radicais livres gerados por esta radiação causam aumento da degradação das fibras de colágeno e elastina, que dão sustentação à pele, sendo as principais responsáveis pelo fotoenvelhecimento, incluindo rugas, linhas de expressão, flacidez e manchas.

Ainda que muitos não tenham aderido ao hábito de proteção, o número de pessoas que ignora a proteção UVA ao comprar um filtro solar vem diminuindo ano a ano: representava 77% em 2014, 71% em 2015 e 51% em 2016. Com relação ao percentual das pessoas que ainda consideram o bronzeamento uma prática saudável, os números também sofreram queda: 40% em 2014, 37% em 2015 e 15% no último ano.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o câncer de pele não-melanoma (não maligno), causado pelo sol, é o mais incidente no Brasil dentre todos os outros tipos desta doença, com cerca de 134.000 novos casos em 2012 e 2013. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), somente em 2013, o Brasil registrou aproximadamente 6.230 novos casos de melanoma (maligno), o mais letal e agressivo dos tumores cutâneos; sendo 3.170 em homens e 3.060 em mulheres. A estimativa de casos em 2016 é de 175.760, sendo 80.850 homens e 94.910 mulheres.

A pesquisa ainda demonstrou hábitos dos consumidores com relação ao uso do filtro solar:

– 69% dos entrevistados não reaplicam o fotoprotetor, percentual igual ao de 2015 (71% em 2014);
– metade da população não utiliza o produto em dias nublados (74% 2015 e 70% em 2014);
– FPS 30, 50 e 60 são os preferidos dos usuários
– apenas 6% consultam o dermatologista para indicação do melhor filtro (13% em 2015 e 14% em 2014)
– 32% aplicam o produto apenas no rosto (53% em 2015 e 52% em 2014)
– 41% se expõe ao sol apenas pela manhã por acreditar ser o horário mais seguro (52% em 2015 e 55% em 2014)
– apenas 7% utilizam roupas para se proteger do sol (10% em 2015 e 8% em 2014).

Para a pesquisa, foram entrevistadas 1307 pessoas de 21 capitais brasileiras.
 

Fonte: Veja