Foi só na última década que pesquisadores e médicos conseguiram compreender um pouco melhor as doenças que hoje são chamadas de urticárias crônicas. Elas são caracterizadas pela presença persistente das urticas, manchas saltadas e avermelhadas na pele, de diversos tamanhos, que surgem e desaparecem. Também podem aparecer angioedemas, inchaço em partes do corpo, como genitais, lábios e orelhas. Diferente do que se pensava, não se trata de uma condição rara. Estimativas dão conta que entre 0,5% e 1% das pessoas são afetadas, algo entre 1 milhão e 2 milhões de brasileiros.

Essas idas e vindas de manchas vermelhas pruriginosas (que causam coceira intensa) podem ter algum fator desencadeante —algo que tem que ser investigado pelo paciente em parceria com o médico— ou se dar sem razão aparente. Nesse último caso, ela recebe o nome de urticária crônica espontânea (UCE) e o que os cientistas descobriram é que ela é causada por uma reação autoimune do organismo. Isto é, o sistema imunológico ataca o próprio corpo, sem que haja um estímulo externo.

Uma pesquisa feita pelo instituto Ipsos entrevistou 1.200 pessoas e concluiu que apenas 1% dos respondentes conseguem relacionar o defeito do sistema imunológico à UCE. Boa parte associa a condição ao stress e ao consumo de determinados alimentos, por exemplo, que não são causas.

A UCE representa dois terços de todas as urticárias crônicas, e afeta duas vezes mais mulheres do que homens. A doença aparece em qualquer fase da vida, mas geralmente surge entre os 20 e 40 anos de idade, por um período que pode durar de um a cinco anos. Há casos, porém, em que pacientes viveram mais de uma década com os sintomas sem saber do que sofriam.

Uma iniciativa busca promover o conhecimento sobre a UCE entre leigos e médicos. Celebridades como o ator Eriberto Leão, o rapper Gabriel O Pensador e o apresentador e judoca Flávio Canto apoiam a campanha Tudo Sobre UCE, que é patrocinada pela farmacêutica Novartis. No último dia 5, o Cristo Redentor ganhou uma iluminação especial, que o fez “vestir a camisa” da campanha.

A qualidade de vida é severamente prejudicada pela doença, provocando deterioração do sono, da vida social, da produtividade e das relações amorosas, o que é agravado pelo tempo até obter um diagnóstico certeiro —que pode demorar cinco anos.

O tratamento farmacológico da UCE tende a ser eficaz em mais de 90% dos casos e envolve a utilização de anti-histamínicos de segunda geração sozinhos ou em associação com as drogas omalizumabe ou ciclosporina.

 


Fonte: Folha