Há cerca de dois meses, o estudante Thiago Pradi,de 24 anos, do curso de ciência da computação da Universidade Regional de Blumenau (Furb), desenvolveu um aplicativo que faz diagnóstico preliminar de lesões de pele. Testado em imagens disponíveis na internet, o projeto-piloto servirá de ferramenta auxiliar para a triagem de pacientes. 
 
A ideia de Thiago surgiu ao assistir às aulasdeprocedimentode imagens, lecionada pelo orientador de trabalho de conclusão de curso (TCC), Aurélio Hoppe, que lhe mostrou a aplicação das técnicas ensinadas. 
 
“Entre os exemplos estava a identificação do câncer da pele, visto que moramos em região com alto índices da doença (Jaraguá do Sul,SC). Fiquei fascinado com o assunto. Após pesquisas e discussões, constatamos que não havia trabalhos relatando diagnóstico de câncer da pele a partir de dispositivos móveis. Isso me estimulou ainda mais a desenvolver a ferramenta”, informou Thiago.
 
Para a elaboração do programa, o jovem contou com a orientação cientí½ ca do dermatologista associado titular da SBD-SC Roberto Coswig Fiss, que tirou dúvidas quanto a bases con½ áveis de imagens de lesões de pele disponíveis em domínio público na internet, bem como suas classificações. 
 
O objetivo do aplicativo não é substituir o diagnóstico do dermatologista, mas triar e auxiliar. “O aplicativo tem um potencial muito bom para auxiliar na triagem de pacientes antes de eles serem encaminhados para dermatologistas para diagnóstico e conduta de½ nitiva. Ainda é um projeto-piloto, tendo sido testado por enquanto em imagens prontas disponíveis na internet. 
 
Portanto, para ser aplicado em situações clínicas, deve ser submetido a ensaio clínico, com pacientes selecionados, sendo feita avaliação de lesões e posterior análise histológica. Só depois, pode-se considerar o aplicativo uma ferramenta de apoio para o médico generalista, sempre levando em conta a possibilidade de erros do aplicativo e o juízo clínico do médico assistente, que em caso de dúvida deve encaminhar o paciente para avaliação especializada com dermatologista. 
 
Além disso, o programa foi testado especificamente para distinção de melanomas e nevos, não sendo no momento aplicável para os outros tipos de câncer da pele (CBC e CEC, responsáveis por 95% do total de lesões malignas de pele). Portanto, não considero uma ferramenta a ser utilizada porpúblico leigo,” observou Roberto Fiss. 
 
O aplicativo levou um ano para ficar pronto, e hoje está na fase de ajustes na interface do usuário. Atualmente só funciona em iPhone e pode ser disponibilizado por meio da Apple Store e do Projeto Pronto, parceria da Furb com a Prefeitura Municipal de Blumenau (SC) que busca informatizar e agilizar o atendimento básico na rede pública de saúde. “No Projeto Pronto ele será útil para a triagem de pacientes, já que o uso de smartphones e aplicativos médicos está cada vez mais frequente na prática clínica diária.
 
Para os dermatologistas, pode ser ferramenta auxiliar”, disse Thiago, que possui uma consultoria em desenvolvimento de software em Jaraguá do Sul, com foco em desenvolvimento de sistemas para internet. “Tanto o desenvolvimento de sistemas para internet quanto de aplicativos são recompensantes para mim. Quero continuar trabalhando com software por muito tempo, mantendo o objetivo de melhorar a vida das pessoas pela tecnologia”, finaliza. 
 
Diagnóstico em três etapas e em poucos minutos
O usuário precisa: 
1. Cadastrar a mancha a ½ m de criar um histórico de lesões; 
 
2. Tirar uma foto da mancha ou sinal com a câmera do próprio dispositivo; 
 
3. Pressionar o botão de diagnóstico, e segundos depois o aplicativo mostra na tela o possível resultado (lesão benigna ou maligna).
 
 
Fonte: Jornal da SBD O Ano 17 n.1